PARTIDARIZAÇÃO COMPROMETE A QUALIDADE DO ENSINO

Para o pesquisador de Políticas Educacionais, Chocolate Brás, a nomeação de gestores das instituições de ensino pelos governadores provinciais e administradores municipais compromete a garantia da qualidade de ensino escolar em Angola.

Por Geraldo José Letras

Em declarações ao Folha 8 por ocasião do Dia Internacional da Educação assinalado nesta quarta-feira, 24 de Janeiro, Chocolate Brás, alertou que enquanto “os cargos de gestores escolares continuarem a ser encarados como uma espécie de recompensa entre militantes partidários não teremos um ensino de qualidade”, por isso defende a profissionalização da gestão escolar recomendando que a eleição e nomeação dos gestores escolares seja feita através de eleição “pelos seus pares nas escolas em que trabalham”, e não pelos governos provinciais ou responsáveis das instituições do aparelho do Estado, o que para o académico constitui clara demonstração da partidarização do ensino.

“É necessário que os gestores escolares sejam eleitos pelos seus pares e se lhes garanta formação específica. Chegando ao cargo por formação ou eleição”, defendeu o Pesquisador de Políticas Educacionais.

Ainda em declarações ao Folha 8 por ocasião da efeméride instituída pela Assembleia Geral das Nações Unidas para celebrar o papel da educação na edificação da paz e do desenvolvimento, Chocolate Brás deixou profundas reflexões para que Angola consiga ter um ensino de qualidade.

“A qualidade de ensino não pode dissociar-se da qualidade de vida do professor ou do profissional da educação. Neste sentido, Angola precisa avançar para a compreensão de que é necessário que haja de facto a valorização do Professor. Esta valorização pressupõe três indicadores fundamentais: Formação inicial e contínua do professor e demais profissionais da educação; condições de trabalho didácticas, pedagógicas e administrativas; e remuneração com salários e subsídios concorridos”, reflectiu Chocolate Brás.

De lembrar que nesta terça-feira, 23 de Janeiro, a governadora Provincial do Bengo, Maria Antónia Nelumba, em distintos despachos assinados, nomeou mais de 46 gestores escolares, entre titulares de Direcção e Chefias do I° Ciclo do município do Dande. Um dia antes, a governante conferiu posse a 115 novos gestores escolares. Na visão de vários especialistas em gestão escolar constitui “um perigo a prestação de obediência hierárquica no ambiente interno destas instituições públicas e público-privadas ao serem nomeados pela governadora provincial”.

Ainda de acordo com os profissionais da educação, “o limite de intervenção da governadora provincial no sector da educação devia se circunscrever na nomeação dos directores de gabinetes provinciais e municipais para que venham a ser estes a se ocupar das funções de nomeação dos gestores escolares”.

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